Formiga
Vejo uma formiga andando na janela
Tão pequena, insignificante diante ao horizonte..
Sem pensar duas vezes, espeto-a
Esmago-a com um dedo sem qualquer pesar, sem qualquer porque
Simplesmente, esmago-a:
“Essa formiga não existe mais
Nunca mais haverá essa formiga novamente
Virão outras em meio a tantas, mas está
Nunca.”
Neutro fico no ônibus
Silêncio em ausência de silêncio...
A chuva escorre o vidro
Ilumina o horizonte, as frestas das nuvens
Tudo é longe... As fazendas,
Longe... Os pensamentos, a terra molhada, longe...
Percebo minha insignificância diante do universo...
Quão diferente sou daquela formiga?
Fico doente, espeto-me em algum lugar...
Que diferença faz?
Outros virão
Outras chuvas, outros horizontes, outros
Que olharão pela vidraça desse ônibus
Que diferença vai fazer?
Sou neutro ao universo,
Neutro é o horizonte, a vidraça
A formiga que já nem existe mais...
As fazendas, as quedas de luz lá longe
Perto das florestas neutras...
Tudo passará
Como esse momento...
- Berserker Heart