Sentinela...

Vi tardes se despedindo
E sonhos esmaecendo
Olhos falando entre si
E dores em silêncios gemendo

Vi pranto discorrendo em almas
Frestas em sonhos se apagando
Onde a tortura imperava
Em labirintos dilacerava

Vi amores se consumindo
Em ódios se enfurecendo
Caminhos sem retornos
E desespero em sofreguidão

Vi noites sem tetos
Em açoites gemia o frio
Onde tracejava a amargura
E o abandono no além

Vi rostos em sentenças
O carrasco embriagado,
A lua no alto em sentinela, cintilava
As contas de um rosário no além

Poeta Paulo da Cruz, sempre bem vindo no meu cantinho poético!!

TESTEMUNHAS OCULARES

      Dias e noites que se tecem
              Na vivacidade mística do tempo
           E tudo fala
             E tudo ouve
         De uma linguagem viva... mesmo sem palavras
              Ainda que em  dinâmico silêncio

               Risos e choros a comungarem entre si
                  Abraços de partidas
            Mas também de despedidas
               Faz parte!
            É natural!

    Dos açoites que se escrevem nos dorsos de noss’almas
                Ao sangue que deles escorrem
             A nutrirem o solo que deambulam nossos pés
               Oh, sagrado solo!
             Desta terra de que todos viemos
                E a ela retornaremos...

         E eis que toda noss’essência nela também se esculpe
            Na maestria das mãos da vida
          Nas sinuosidades do caminho em que nele adentramos
               Seria por querer?
         Sem seria sem saber?
              Ah, e quem neste exílio o poderia dizer?

          Ao que matuto comigo mesmo:
       E se soubéssemos, por antecedência, o que passaríamos
            Resistiríamos à nossa Verdade?
        Ou nosso orgulho não o permitiria?
               De todo o sofrer...
         De todos os cálices a que haveríamos de beber...
            Oh, não sei deveras agora dizer!

        E destarte são as almas... todas as almas!
           Como a brincar de esconde-esconde
       Como a desejar urgentemente um ombro amigo
            E, assim, somos nós:
        Estes entes que se caçam e se procuram
          Em que inquietos estaremos até, pois nos acharmos
  Todavia, neste brincar... quantas amarguras!... Quantas decepções!
       Do que se nasciam aos acenos de tantas promessas...

          E quantas vezes aquela nefasta tentação em desistir!
        Ao se permitir levar pelo desespero inútil e ilógico
            Mas o que é isso?
                Não!
            Elas – as almas – não o farão
               Jamais!

          Não!
     Não se abandonarão às essas vozes a que não são as suas
       A que não faz nenhum sentido segui-las
         Entre tantas que muito falam
    E, paradoxalmente, nada dizem
          Embora tanto nos condenam...
      Peçonhentas e perversas vozes...
         E quão mentirosas...

      Seguiremos, então, as noss’almas
           Se errarmos ou não o caminho
       Pelo menos viveremos o que somos
         E não o que os outros querem que sejamos
            E não percamos tempo
        De forma alguma

      E nesta saga
  Que a lua e as estrelas nos sejam nossa maiores testemunhas
     Nossas vivas testemunhas oculares
           Elas a que sempre nossas vidas acompanham
      E nunca deixarão de ser nossas melhores sentinelas...

Paulo da Cruz, 03-11-17

Obrigada poeta Gilberto Oliveira pelo sua interação no meu cantinho, o que muito me honra!

Sempre foi a lua minha sentinela
Lua que alumia lobos e profetas
Inté esta horda de torpes poetas
Trocando a calmaria pela procela

Poeta Gilberto Oliveira, 03-11-17