Despertencimento
Não pertenço a mim mesma.
Nem a esse tempo.
Nem a esse caminho.
Não estou amarrada no cais.
E nem pendurada no abismo.
Não pertenço a ninguém.
A nenhum vínculo, enlace ou algema.
A nenhuma ideologia, crença ou cisma.
Estou a pertencer ao presente
de razões e emoções absurdas.
Aos paradoxos diários.
Aos enigmas indecifráveis.
Nas linhas transcritas mas não traduzidas.
A semântica do silêncio.
A psicografia dos espíritos sobre a carne.
A pantomima dos gestos e indumentárias.
A pegada sobre a areia
apagada pela onda do mar.
Símbolos vestem-se de gente.
Gente vestem-se de espíritos.
Espectros transcendentes.
Além das cores, além das horas
e dos recintos
Não pertenço a tudo isto.
Não pertenço nem a mim mesma.
Perco-me no torvelinho dos
hábitos e aprendizados.
Na disciplina de escrever,
descrever, inscrever...
Na letra cuspida no papel
e a poesia escarrada das entranhas.
Não pertenço a ninguém
Sigo sem donos ou donas
em despertencimento.
Alheiando-me paulatinamente
de apegos fúteis
Mas guardo afetos indescritíveis...
Recordo delicadezas sutis,
dominações civilizadas
a se imbricar,
a contaminar,
a ludibriar
dias e séculos
no sentido de operar o milagre
de ser inesquecível.
Não pertenço a mim mesma.
Nem a esse tempo.
Nem a esse caminho.
Não estou amarrada no cais.
E nem pendurada no abismo.
Não pertenço a ninguém.
A nenhum vínculo, enlace ou algema.
A nenhuma ideologia, crença ou cisma.
Estou a pertencer ao presente
de razões e emoções absurdas.
Aos paradoxos diários.
Aos enigmas indecifráveis.
Nas linhas transcritas mas não traduzidas.
A semântica do silêncio.
A psicografia dos espíritos sobre a carne.
A pantomima dos gestos e indumentárias.
A pegada sobre a areia
apagada pela onda do mar.
Símbolos vestem-se de gente.
Gente vestem-se de espíritos.
Espectros transcendentes.
Além das cores, além das horas
e dos recintos
Não pertenço a tudo isto.
Não pertenço nem a mim mesma.
Perco-me no torvelinho dos
hábitos e aprendizados.
Na disciplina de escrever,
descrever, inscrever...
Na letra cuspida no papel
e a poesia escarrada das entranhas.
Não pertenço a ninguém
Sigo sem donos ou donas
em despertencimento.
Alheiando-me paulatinamente
de apegos fúteis
Mas guardo afetos indescritíveis...
Recordo delicadezas sutis,
dominações civilizadas
a se imbricar,
a contaminar,
a ludibriar
dias e séculos
no sentido de operar o milagre
de ser inesquecível.