O CHEIRO DA LAMA
O CHEIRO DA LAMA
BETO MACHADO
Ah, essa Sociedade
Que finge não sentir o baque
Das ofensivas que o Poder lhe lança!
Dorme tranqüila,
Sem um contra ataque
A quem fuzila
Sua esperança.
E vão subindo as águas;
E vão seguindo os rios;
E não constroem-se barcos;
E não se fazem pontes,
A despeito de novas SAMARCOS
Despontarem firmes
Sob o horizonte.
Sem ter o dom dos arautos,
Pressinto o cheiro da lama
Cobrindo o chão desde o alto,
De onde vem a derrama,
Às planícies com asfalto,
Celebridades e fama.