Eugenia Flora Taciturnus
Recitei versos tolos
No escuro da madrugada
Como quem fala consigo
Mas não diz nada
Cantorolei notas na mente
De uma inexistente,
Estranha melodia
Deitei o corpo nas emoções
E o silêncio me abraçava e ria
A rua vazia era sombra gigante
De pequenos insetos noturnos
Paredes mal acabadas
Sacadas vazias
E árvores desfolhadas
Ventava mais em mim agora
Do que na noite escura e densa
Vasculhei-me a esmo
Sem pedir licença
Entrei em mim
Sorri pra mim no espelho incerta
Pulei janelas
E não deixei portas abertas
Eu era a mão que me colhia
E a fruta que brotava
Sementes que semeei calada
Nesse devaneio torto e noturno
O ambiente agora é quarto escuro
E inquietações da madrugada
Sem expressão
Sem luz
Sem nada