Pombas da Paz
Os olhos brilham vendo os leds piscando pelas janelas do carro… o vento bate forte pelos friso e ouve-se o som alto da música que anima e trás ao corpo lembranças primitivas de rituais … nos templos do comércio se vende de tudo… de comida a sonhos, imagens de perfeição… nas ruas os olhares buscam espelhos para se verem melhor, e esquecem os que se escondem nas marquises durante a noite/madrugada, os que são usados como refúgio de instintos vorazes… de pesadelos próprios e desejos escondidos… nas escolas, jovens-crianças se modelam adultos pelos tons de desprezo a humanidade convivência, onde a aparência só perde para o torpe desatino de corações volúveis e despudorados, ignorados de valor… querem amor… querem amor… mas não amam… fala-se na rua, sobre valores perdidos, na verdade nunca obtidos, nunca almejados, apenas quistos para que assim fossem representados, a mulher de césar basta parecer… como num teatro alegórico, uma bufonaria silenciosa, entrecortada de sorrisos cínicos… sob pretexto de indignação cantam corvos ao sol… lembrando abutres querendo carniças… enquanto pequenas crianças presas nos corações negros dos homens choram e choram, pedindo liberdade e um pedaço de pão… nossas pombas da paz voam perdidas no deserto, sem ter a quem entregar suas mensagens… sem ter onde pousar seus corações cansados… não enquanto as crianças continuarem presas… mas as pessoas na sala de jantar… estão ocupadas… sempre ocupadas… muito ocupadas…