Desborboletizado
Memórias inqueridas de quando eras borboleta
e eu falso cavaleiro prateado,
hoje ainda falso, mas a prata é rara
e o cavalo (se existe) me esmaga.
Sua retromorfose adolescente foi chama,
enquanto a minha, mais velha, é atrasada.
Tú se curou, gerou uma criança,
e eu só agora gerei essa desgraça.
As folhas podres das calçadas me alimentam,
mas pouco como de suas luzes aberradas.
Ainda se lembra dessas distorcidas cores?
Ainda se lembra de nossos sonhos, nossas asas?
Eu adentrei o casulo escuro e conheci sua dor.
Abandonei o palpável desse mundo, e do amor.
E desfilei, periclitando o vermicida:
Um pseudo-junkie suicida.
E não veio cavaleira heroica e nem princesa,
mas uma rainha. Não trouxe ouro ou prata,
mas um bronze desbotado e um peito que amamenta
em plena guerra.
E sem dizer soou: "Fica comigo!",
e me metamorfou em algo incerto,
incerto, mas vivo,
não verme e nem inseto,
e salvo,
pelo trabalho nobre de um amigo.