AGORA É ONTEM

Quando pensei

Que ainda era hoje – e agora,

Já era depois. E depois de amanhã.

Quando imaginei

Que ainda era noite – e escuro,

Já despontava, no horizonte, o sol da manhã.

Quando tentei

Voltar ao dia de ontem,

Percebi que ele não mais havia.

E quando sonhei

Em viver o agora – e o aqui,

O futuro, apressado, falou: quem diria!

Acordei,

Pensando ainda ser às seis,

Frio, já me esperava o chá das sete horas.

E quando, num vacilo,

Um pouco me distraí,

O leite havia derramado. Ora bolas!

O passado não retrocede – não cede.

O futuro não espera – mas... e aê? Pera!

O presente, se não atento, passará despercebido – ido.

Então despertei.

Mas quando conta me dei:

Já era tarde. E você já havia partido!