NOSSA DOR?

A dor não era dor.

Pela regra,

Um menino deixou apenas você.

Em suas fracas palavras,

Um timbre de voz tocava-me.

A dor era riso.

O escrever

Não era mais um verbo,

Era substantivo.

Mas os sublimes poemas

Deixavam técnicas.

Drummond deixava traços.

Heróis,

Marcas históricas.

A dor era dor.

A dor era riso.

Então, de uma vez por todas,

Fiquei sem exemplo.

As lembranças eram remotas

E os vestígios

Não deixavam sombras.

Deixaram menos dor.

Menos heróis.

Mas criadores.

Mais você e menos eu:

A dor somos nós

Querendo sair de fininho

Da dor que nós mesmos causamos.

Jaciara – MT, 1999.

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 19/09/2017
Código do texto: T6118912
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