NOSSA DOR?
A dor não era dor.
Pela regra,
Um menino deixou apenas você.
Em suas fracas palavras,
Um timbre de voz tocava-me.
A dor era riso.
O escrever
Não era mais um verbo,
Era substantivo.
Mas os sublimes poemas
Deixavam técnicas.
Drummond deixava traços.
Heróis,
Marcas históricas.
A dor era dor.
A dor era riso.
Então, de uma vez por todas,
Fiquei sem exemplo.
As lembranças eram remotas
E os vestígios
Não deixavam sombras.
Deixaram menos dor.
Menos heróis.
Mas criadores.
Mais você e menos eu:
A dor somos nós
Querendo sair de fininho
Da dor que nós mesmos causamos.
Jaciara – MT, 1999.