O TEMPO A IDADE E O ABRIGO
Que bebezinho lindo!
Diziam quando nasci
Engatinhei andei
Logo cresci
A cada ano uma história
Comemoramos a cada vitória
E o tempo insistia em demorar a passar
Mas passou
A adolescência enfim chegou
Sai, curti, aproveitei
E sem perceber
Perdido no tempo casei
Vieram os filhos e com eles a responsabilidade
Verdade, lá se foi a mocidade
Meu neto!
Mas...
A vida é bem assim
Passa pra você
Passou pra mim
Os óculos já se faz necessário
Mísero salário!
Mal dá para manter a medicação
Sair por aí, viajar
Não, nem pensar
Quem irá me levar?
Infelizmente não da, ao passeio só vai jovem
Velho, não pode!
Todas as ite me acompanham
Artrite, bulcite, rinite, sinusite...
Já não ouço bem
Os assuntos fogem de mim
Repito a mesma coisa sem notar, que chato
Impaciente, todos fogem de mim
Por que tem que ser assim?
Há rugas em minha pele
São como diploma
Formado pela faculdade dá vida
Agora eu, amigos e amigas
Longe dá familia querida
Querida por quem?
Se a tempos não vejo ninguém
Vocês me adotaram
Abraçaram, me amaram
Sinto me feliz
Percorri toda a estrada
Cumpri minha jornada
Aqui tenho abrigo
Com outros amigos
E por que não dizer familia!
Fazemos a festa
Aplaudem minha história
O peito se enche de glória
Tomara um dia
A juventude perceba o sabor
E assim dê valor
Ao tempo a idade e o abrigo
Por que o "resto"
É resto
É pura vaidade
Verdade!
"Que velho chato"
Comentam nas raras vezes que vem aqui
Eu não ligo
Vou levando na paz cá comigo
Daqui!
Desse abrigo.