O TRISTE CANTAR DO POETA
O TRISTE CANTAR DO POETA
I
Quem me vê assim cantando,
Não sabe o que estou passando,
Na imagina a tristeza
Que guardo no coração.
Não entende que o sorriso em minha face,
É o disfarce
De uma grande decepção.
II
Os versos que componho agora,
São estrofes merencórias
De minha fingida poesia,
Arpejos dolorosos
Do ardente poeta de outrora,
Que canta por fora,
Mas por dentro chora.
III
E que filho brasileiro
Não chora?
De tristeza não implora
Dias melhores para o Brasil?
-- Chora, poeta, chora!
Só acabará seu tormento
E dos filhos desta terra,
Com um novo alvorecer
Para o País !
-- Exclama o sol em desalento.
IV
-- Amigo sol, como vislumbrar luz,
Em meio à escuridão?
Como fugir da tempestade
Frente ao mar enfurecido,
Se o comandante até então,
Mostra-se inábil
Para nos guiar à salvação?
-- Poeta, desse timoneiro
Que aí está, a conduzir
A nossa embarcação,
Impregnado em tanta corrupção,
Que esperar?
É iminente o naufrágio.
Vamos ser engolidos pelo furacão!
Chora a lua em desespero.