VERSOS E RETROCESSOS – RETRATOS DE UM PAÍS

VERSOS E RETROCESSOS –

RETRATOS DE UM PAÍS

15 de março, 2017

I

O Brasil, outrora pujante,

Desperto gigante

“No concerto das nações...!”

Vive hoje seu pior pesadelo!...O terror

De um País à deriva,

A navegar em águas turvas,

Sob a batuta de um governo

Que capota nas curvas,

Ainda à procura de um porto seguro,

Sucumbindo obscuro,

Após a treta da deposição

Da Presidenta eleita,

E a mais infame desfeita

Praticada contra os eleitores -- a implantação

Do programa derrotado nas urnas

Nas últimas quatro eleições.

E os resultados

Dos desastrosos planos

Maquiavelicamente traçados,

Aí estão, a depor,

Contra essa ardilosa administração,

Transformando o Brasil,

Que vivera até pouco, o esplendor,

De uma economia pujante,

Cuja grandeza dos programas sociais,

O credenciaram a ser

Em todo o mundo, respeitado,

Hoje, o que vemos, é um País humilhado,

Retrocedendo ao triste passado,

Do qual, se olvida, lembrar,

Mergulhado que está,

Em sua maior recessão,

Com as vísceras expostas

Da economia estiçalhada ,

Apresentando pífios índices

Nos últimos dois anos,

Padecendo as dores

Do desemprego

De mais de 14 milhões de trabalhadores,

Órfãos de proteção.

II

O vento que arredio

Geme pelas fragas,

Sacudindo do “pélago

Profundo” – as vagas,

Enfurecido questiona:

-- Deus, que nunca nos abandona!

-- Senhor, responda:

“Eu deliro, ou é verdade”,

A tamanha maldade!...

Cúmulo de atrocidade

Que hoje impera em nosso Brasil...

Pasmando nossos olhos,

Que das dores impingidas

À POPULAÇÃO,

Assistem assustados

Ao desmonte da Nação,

Ao descalabro, à infâmia,

Ao massacre

Contra o trabalhador brasileiro,

Tirando-lhe a liberdade

Para laborar em paz,

Arrastando-o mais e mais,

Ao sofrimento e à loucura,

Ante a amargura

De o governo que tomou o poder,

Deu-lhe

O golpe de misericórdia:

A crudelíssima jornada

De 12 horas de trabalho por dia,

E, ainda, a agonia

Do desemprego,

Ou se o tem, a incerteza,

Se no trabalho, poderia manter-se,

Consociado à supressão

De direitos conquistados na tribuna

De um Brasil,

Antes terra “varonil”,

Berço de todos os brasileiros,

Sempre cordato, a estender

Os braços aos estrangeiros

Que por ventura,

Vierem nos visitar,

Vivendo hoje, a dor apartheidiana,

A perversa carretilha cotidiana

Do triste e aviltante retrato

De tanta pobreza,

Tanta infâmia e vilania,

Onde o pobre

É quem paga o pato,

Em detrimento

Dos ricaços e dos rentistas,

Os que mais aumentam a fortuna.

III

-- É mentira!

Tal atrocidade

Não deve estar

No Brasil acontecendo!...

Estou a delirar! --

Indigna-se o sol em desvario.

-- Não, infante loiro!

Quisera que fosse

Apenas um delírio!

Mas é a cruel realidade

Que hoje aqui campeia,

Qual peste que se alastreia,

Nodoando , manchando, rasgando

O véu da decência Nacional,

Num retrocesso e infâmia na historia

Brasileira, nunca dantes´REGISTRADOS,

Fazendo corar

Na louça das eras idas,

A augusta face de Getúlio Vargas,

O Pai da Consolidação

Das Leis Trabalhistas!...

-- Pontifica a Lua,

Deusa dos namorados.

Nesse interim, já se escuta

Do oceano bravio

Das consciências –

A um só objetivo unidas --

O rugir do quebrar das vagas

Em mar profundo, agitando,

A classe trabalhadora conclamando

A unir-vos na árdua peleja

Que em todos os quadrantes

Do País já murmureja,

Chamando o povo pra rua,

“Num brado retumbante”:

Quem vai poder nos calar

A voz na garganta?...!

Escutai nossa voz

Que se agiganta!...

Que se agiganta a clamar:

“Fora os golpistas!”

Abaixo o bárbaro crime

De retirada de direitos!

Abaixo este usurpador governo

Que tanto nos oprime

Com os pacotes de maldades

Impostos à revelia:

Cortes nos programas sociais,

Barbaridades ao empurrar

Goela abaixo do povo,

Medidas perversas, recessivas

Que testemunham a covardia

Praticada contra a camada

Mais pobre brasileira,

Os novos Tântalos,

Que retornam à fome de novo,

Supliciados pela PEC DA MORTE!...

O mais cruel aporte

Feito por um governo

Que, por encontrar-se

Cambaleante em popularidade,

Pouco lhe importa, disponibilizar

Seu arsenal de maldade --

Impondo medidas amargas

Contra o povo brasileiro,

Também pudera,

Antenado que está,

Com o neoliberalismo regrado

Pelo capital estrangeiro,

O mercado financeiro,

O explorador rentista

E a mercadoria entregue:

O congelamento por vinte anos

Dos gastos com SAÚDE,

SEGURANÇA, EDUCAÇÃO

E Servidores Públicos,

(Fora as privilegiadas castas,

Ancoradas no Judiciário,

Tribunal de Contas e Parlamento

Que percebem nababescos proventos),

Reforma da Previdência Social

E Reforma Trabalhista.

IV

Vamos, minha gente, dispostos ao que der,

Neste augusto instante,

Embora frente aos acervos

De atrocidades

Perpetrados por pessoas crudelíssimas

E prenhes de tolas vaidades,

Que odeiam a Pátria em que nasceram

E em que vivem,

E cultuam os estadunidenses,

A quem, subservientes, baixam a guarda,

Entregando-lhes nossas riquezas

E tudo que lhes convier!...

Vamos, inda que com a alma ferida,

Com fé e orgulho pela nossa Pátria Querida

Aninhados em nossos peitos,

Lutar por nossos direitos,

Despertar em nós, o gigante adormecido,

Enchendo as avenidas,

Largos e praças,

Sacudindo ruas, becos e calçadas,

Com uma única bandeira:

Nenhum direito a menos!

Qual Vandré, que em plena ditadura,

Num nobre gesto,

Num arroubo de bravura,

Entoou seu canto de protesto

Por amor à terra brasileira

Também cantemos, --

E partamos pra batalha alvissareira:

“Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer.”

A hora é agora!

Mesmo que ressabiado

Com o proliferar

De maus políticos, o povo querido,

Forte, bravo, pujante,

Inda que lhe atentem

Contra a própria vida, extirpará

O mal que o consome,

Não fugirá à luta!

Ouvir-se-á o burburinho do arregaçar

Das mangas das camisas,

O sacudir do nosso Pátrio Chão,

Fazendo o País sair da letargia,

Num brado uníssimo,

Integrando todos

Os movimentos sociais na labuta

Por um Brasil melhor!

Que volte aos trilhos de novo,

Que haja pão e conforto para o seu povo,

Dignidade para bem se alimentar,

Pois espanta-nos já,

A maior recessão vista na história,

O retorno da fome,

O desemprego galopante

E a derrocada da economia!

V

Vamos, gente brasileira!

Não nos deixemos engambelar

Por “trololó” de propagandas encomendadas,

Por falas mansas, bem treinadas,

Mas que não conseguem ocultar

O odor nauseabundo de mentiras

Pela grande mídia despejadas

Na ânsia de embuçar

Os pífios resultados da economia

Que patina, que expõe o cadáver

Insepulto da sua prolongada agonia,

Vista com preocupação pelo empresariado,

Pelos industriais, homens do dinheiro,

Pelo mercado financeiro

E pelos rentistas,

Que vivem de especulação financeira!

VI

Que Brasil é este

Que enche seus filhos de desgosto?

Que mesmo quebrado,

Bastante machucado

Por obra e graça

Da incompetência de seus governantes,

Tem, ainda, o disparate

De vender a imagem que tudo vai bem!...

Estão cegos com luz nos olhos?

Ou pensam que somos bobos também?

Aqui, em “Pindorama”,

Em meio ao terrível drama

Que debalde tentam ocultar,

Ante um cenário de terra arrasada,

A imprensa, maravilha da maravilha,

Com lupa gigantesca e indisfarçável camarilha,

Qual Diógenes com sua lamparina

À luz do dia,

Tenta achar sinais positivo na economia

Ante um rastro deixado de ruína!...

Mas como fazê-lo?

O barco já naufragou em mar revolto!...

Porém, quando dos céus – a noite o dia abandona,

E surgem fortes formação de nevoeiros,

Como imensa mortalha

Estendida sobre o horizonte,

Os temerários marinheiros

Dos destroços da embarcação --

Escutam embasbacados

O vozerio do comandante,

Num canto de loucura que entoa:

-- Comandados! Comandados!

Ergam a cordoalha!

Sentem o malho!

Faz essa mísera gente, essa escumalha,

Dançar na proa!

Nenhum direito a acrescer!

Nada dessa imbecilidade

De pobre ter carro, viajar de avião,

De frequentar a universidade,

De fazer três refeições ao dia.

Nada! Entrementes, o imediato,

Ante situação tão adversa,

Alerta: Capitão, não há mais nada a fazer!

Os estragos na Nau Brasiliana

São irreparáveis!

A tripulação já se dispersa!