RETRATO FIEL DE
RETRATO FIEL DE UMA FARSA
JUCKLIN CELESTINO
27 de dezembro, 2016
I
No aconchego do teu lar,
Onde tantos bibelôs completam-te
O acervo pessoal,
Um, porém, destaca-se
Dentre todos – o colossal,
Imenso espelho,
Emoldurado de cinza, prata e vermelho
Disposto no suntuoso salão purpurina
Donde deténs o olhar,
E num relance,
Incide sobre tua retina
Fragmentos do teu passado –
Inexorável espelho a refletir
Tua imagem deformada, Retrato de malogrado disfarce
Que desnuda a verdadeira face
Tua: falsa e dissimulada!
II
O frio artefato de aço,
Dedo em riste,
Face transida de asco,
Acusa-te, Probedeu,
Turvando-te a imagem frente
À moldura espelhada,
Como se de ti zombasse
Em debochada gargalhada,
Prolatando a sentença tua: CULPADO!...
E o libelo para ti, fora diminuto,
Em razão de tua vida ter sido,
Sempre, camarada,
Um oceano de farsas!...Tributo
À maldade, à mentira!
Mentiste, trapaceaste, iludiste
A quem em ti confiaste,
E, qual escorpião,
Que na arte da traição
Não tem rival,
Por ser de sua natureza trivial
Assim proceder,
Aplicaste um golpe miserando,
Por demais rasteiro e astuto,
Naquela, que a vida,
O destino, em tuas mãos entregara!
Não te condeno, não!
Ele mesma foi culpada,
Inocentemente fracassara
Ao cometer um erro crasso:
Em ti acreditar!...
Mentiste nas tuas palavras;
Mentiste em tua atitude...
Ao iludires ao teu próprio coração...
Acreditando serem verdadeiras
As falácias que proferiste,
E que poderias realizar amiúde
O teu projeto de vulto, –
Algo bem maior ao teu alcance,
Que, no concerto da historia,
Ergueria teu nome – no pedestal da gloria!
Mas como te iludiste!
Colheste apenas – o fruto amargo
De um retumbante fracasso!