TROPEIRO
De mala e cuia,
ele foi para o trabalho.
Tão apressado,
que sequer olhou pro lado.
Deixou os sonhos
espalhados pelo chão.
Levou apenas
o embornal
e o lampião.
De mala e cuia,
lá foi ele pela rua.
Tão apressado,
que sequer olhou pro lado.
Não viu os olhos
marejados da morena.
Deixou aos prantos
sua filha,
tão pequena!
De mala e cuia,
foi ao encontro da sua sina.
Tão apressado,
que sequer olhou pro lado.
Nem teve tempo
de implorar: "Jesus, me salve!"
Tombou inerte,
sem aviso,
sem milagre.
De mala e cuia,
ele retornou ao lar.
Sem qualquer pressa,
no seu tempo infinito.
Chegou liberto,
sem o peso da sua cruz.
Por todo espaço
espalhou-se,
virou luz.
Encontrei esse poema hoje, numa antiga agenda. As duas primeiras estrofes foram escritas no dia 24/09/2009, a terceira foi escrita em 30/11/2015 e hoje eu escrevi a última pois achei que precisava de um fechamento. Assim recuperei um poema que havia dado como perdido.