Os acumuladores
Em cada canto uma carência nossa
Um molho de chaves , um livro em poeiras
Um copo, uma garrafa de vidro raro
Comprados num antigo brechó
Sapatos, camisas, toalhas e lenços
Objetos apensos sem fundo desejo
Uma foto de beijo
Que já faz tanto tempo
Como pode meu Deus esses mortos poder me prender
Por cima de comodas e geladeiras
Miudezas , tolices, besteiras
Do acumulador de asneiras
São sacos vazios, jornais e revistas
Enxadas e pregos, torneiras e mais
Muito mais pelos quatro cantos
Pelos tetos e pelos degraus
Tantas meias e tantas cuecas
E bermudas que já nem uso mais
Na garagem três carros e motos e barcos
Que agora me tiram a paz