Bailado cósmico
Naquela tarde a luz já diminuía...
As estrelas começavam a aparecer.
Nossa estrela, pouco a pouco, sumia
tão bela, naquele entardecer...
Assim, quase não havendo mais dia,
começava o bailado sideral, para nós,
habitantes do hemisfério austral...
Brilhando, na noite clara, no céu alto,
saltitantes, elas apareciam...
Pouco a pouco, uma a uma:
primeiro Antares, a gigante;
depois Aldebaran, em Taurus;
agora Capella — tão bela!
Mais outras... E outras...
Numa suave melodia...
No bailado cadenciado da Natureza!
Agora Canopus acende-se;
Sirius, lá longe, incendeia-se...
Lá longe outras estrelas se via:
Vega, Rigel, Castor, Pollux,
em cadeia suavemente explodiam...
Estrelas jovens, irrequietas...
De intenso brilho.
Tão novas no firmamento.
Tão vermelhas!
Outras, azuis, engastadas no pálio aberto,
já decrépitas, por certo,
mas belas e paradoxalmente "novas"...
E no suave halo galáctico,
das suas constelações milenares,
milhões de estrelas se agitam
em suas reações termonucleares,
sensacionais, espetaculares...
São estrelas lindas, coloridas...
Estrelas vermelhas, laranjas...
Estrelas amarelas, brancas, azuis...
Estrelas gigantes, estrelas anãs...
Estrelas reais, descomunais...
Estrelas longínquas, tão distantes.
Tão distantes, a anos-luz...
Estrelas misteriosas, vaporosas,
vaporosas, soltas no céu...
Com elas todo o universo
se movimenta em festa:
os planetas errantes
em suas luzes difusas, constantes;
os cometas, também os planetóides...
Até os meteoritos e os asteróides!
Todos, todos, irmanados nas leis universais,
nas equações de Kepler, de Einstein e outros mais..
Vão e vêm, num silencioso ritmo.
Ritmo matemático, físico...
Seguem seus caminhos. Viajam com a luz!
Dóceis, tão dóceis, tão dóceis...
Obedientes às forças cósmicas,
eles se atraem e se repelem.
Sem cessar, harmonicamente...
E nós, seres finitos,
meros viajantes do espaço na Terra
(espectadores do infinito)
assistimos, deslumbrados, a esse movimento...
A esse bailado cósmico aparente,
tão lindo, tão lindo do firmamento!