O peso
 
Projetei.
Mil máscaras te dei.
Nenhuma você usou.
Discursava em ser o normal.
Rosto sem expressão me mostrou.
 
Sua própria máscara não se encaixava.
Era dicotômica, incerta, fadada
E descortinava verdades escondidas.
Era mais uma que você carregava, e não via.
 
O peso das minhas máscaras eu sei.
De cada uma experimentei.
Senti o doce e amargo de ser tantos.
Me tratei, trato e ainda não terminei.
 
Cego e sem rumo vagueia.
Jura saber a direção. Que engano!
Sem tomar consciência de qual máscara causa espanto,
Será apenas acúmulo de histórias e prantos.
 
Não dá pra viver sem máscaras,
Mas não dá pra fingir que não tem.
É preciso colocar uma e enfrentar o caminho,
Ou retirar todas e procurar no além.
 
O peso de cada uma engana,
Desmascara a vida insana
Retrata a dureza da lida
Que deve ser vista sem dramas.
 
Mas quando o confronto é negado,
Joga-se a máscara que usava de lado,
Busca uma desculpa, um engastalho
E diz que foi o destino, coisas do passado.
 
Então um novo campo se abre,
Sem máscaras busca-se caminhar
Doce ilusão que encanta
Tudo se repete, e o peso das máscaras o ombro vai machucar.
 
Não dá pra negar. Tem que tratar.