Escola de poemas

Não tenho não,

caro senhor,

nenhum diploma de poeta.

Saio batendo umas letras.

Assim, na selvageria.

Poderia isso, ser um problema?

Eu moro onde tem uns bêbados,

gente com fome,

no meio de um trem azedo,

de gente com cheiro de mágoa,

e de uns prédios, bastante incômodos,

que eu nunca quis.

Gosto das árvores

e de outras coisas que moram longe.

Mas sou também esses prédios incômodos.

Sou esse negócio de letras

e de falar com as pessoas.

Sei que, no fundo,

guardo com carinho

isso aí de não ser cão e nem gato.

Me ensinaram as letras

e escolhi não escrevê-las.

Não escrevo,

escreve em mim

o homem-macaco

que grita em silêncio.

Bicho triste.