Cotidiano

Todo dia faz tudo diferente:
me acorda ora às cinco, ora às dez;
ora me beija as mãos, ora os pés;
ora dorme de costa, ora de frente.

Cada dia ela é mais irreverente,
como são as mulheres hoje em dia.
Dia sim se derrama em poesia,
dia não me apressa pro batente.

Me bajula e me beija dia dez,
dia onze não valho mais um réis,
pelo menos até o mês que vem.

Me revista ora o bolso, ora a razão;
ora acende, ora apaga meu tesão,
como eu fosse ora deus, ora ninguém.

Se reclamo, me chama de meu bem,
e me lambe dos pé ao coração.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 03/09/2017
Código do texto: T6103183
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.