ALFARRÁBIO EMPOEIRADO
Pegue teus sonhos e os embalem
Numa fria caixa de papelão e tranque
Envia pra longe antes que lhe falem:
Ausentados sonhos são sempre estanque
Lance das poesias às gélidas estantes
Espere até que a poeira tudo encubra
Veja a magia do mofo nas Bacantes
Emboloram olhos do poeta que lucubra
Pra cada alfarrábio que jaz empoeirado
Uma consciência mais repousa perdida
Isso que foi permanentemente cerrado
É adaga venenosa sobre aorta rompida
Do mais pasteurizado e tenro cadeado
Que tenho visto, presenciado toda vida
É do exército que amorfo há fabricado
Bomba esquálida, realidade suprimida
Para soldados sem livros, sem ouvidos
Sem arte ou encanto, só guerra munida.