ESCOLHIDO

Não sei idealizar o ser

que cai bem ao meu lado.

Não que idéia me falte.

Me falta achar a maneira.

Não sei talhar na madeira

quem me matará de anseios;

de dúvidas, desespero

e um pouco de alegria.

Não sei se esse "escolher"

envolve categorias:

(…)

Seria a que joga cartas

e veste a moda passada?

A que me envaidece o corpo,

me leva em doces palavras?

A virgem que nem sequer

sabe dizer com graça um "não".

Ou terei que escolhe-la

com varinha de condão?

As de face arredondada,

fazem me sentir menino.

Menino de ser menino.

Menino de juventude.

Pode ser a que aceita

ou que retruca amiúde?

Posso decidir o tipo

num campeonato de gude?

(...)

A que nunca me questiona

'de onde vim' ou 'p'ronde vou'?

A que me mata de raiva?

Que me embebeda de amor?

Há sempre uma que tolera

minhas filhas já crescidas,

há também as impotentes;

não concedem; não opinam...

Pois cobro-me em decidir-me,

mas não que elas me decidam.

Quem haverá de aturar-me?

Quem o fará de bom tom?

Por medo ou por segurança

essas questões não têm som.

(...)

A que ficar à direita

poderá mudar de lado?

E quanto ao meu inventário,

há quem possa conhecer?

Quem me dirá o que quer?

Quem o que eu quero ouvir?

A que me serve o café

sem açúcar ou chantily?

Ou a que nunca tomou

nem café ou derivados

seria a mais indicada, pois

também nunca provei?

Há quem me diga que eu

não devo palpitar no caso.

Há quem diga que, no caso,

o escolhido serei.

(...)

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 29/08/2017
Reeditado em 23/09/2017
Código do texto: T6098957
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