SEDA E CETIM
Amada, que tal de seda?
Desliza qual sabonete!
Amado, quero cetim,
sinto mais conforto assim.
Querida, mas não disseste
que qualquer das duas veste?
Mas foi o que antes via,
agora é outra folia.
Amor, o cetim maldizes
mesmo que a mim realize?
Sinto-me mal ao faze-lo,
porém nego-te o apelo.
Lindeza, não tem problema,
como não há sobre a seda;
não vi também no armário
e do abajur não sei;
não vejo problema em nada;
seria isso um problema?
Quando opino tu relutas,
quando não, me sinto rei.
Amado, por que te insistes
em lutar contra o já quisto?
Tem prazo de validade o
meu querer; muda de tom,
mas faço de todo esforço
par mantê-lo realizado,
usando de brim, decote,
de vivo esmalte e batom.
Meu bem, então me perdoas,
mas devo te ser sincero:
o cetim não te ressalta;
nem é formoso pra mim;
Já não define teu corpo
qual fazia antigamente,
não me seduz e nem sinto
que também seduz a ti.
O que é que estás a dizer-me?
Como ousas algo assim?
Amor, não quis ofender-lhe
só quis me expressar enfim.
Não quis faze-lo uma ova!
Partiste meu coração;
se quer uma esposa nova,
procure e deixe-me o vão;
me dizes que não seduzo,
deves sabe-lo porém,
tem sempre par em desuso
em busca de outro alguém.
Vejo que sabes, querida,
da malícia de viver.
Sei do que vejo, benzinho,
maldade sabes você.
Então por que contrarias
a minha boa intenção?
Não o faço, mas devia,
visto que não tens noção:
Me rosna em alto e bom tom
que "não te seduzo mais".
devias pensar um pouco;
ponderar e ser sagaz.
Meu amorzinho, permito-me
também mudar de idéia;
se for preciso te imploro
e que perdão a mim concedas.
Sendo assim ( mesmo não sendo)
vou modificar o fim:
Pronto. Vou levar a seda.
Desisto-me do cetim.
-Te amo (sorriso irônico)!
-Também (de quase desdém)!