Apelo a vida

Sonhei que tinha morrido,

acordei sobressaltado e trêmulo.

Vi todos meus entes no meu enterro

Cercando o meu túmulo.

Felizmente acordei, que alívio.

Sem mais dormir fiquei pensando

que ainda estou tão jovem para partir

quantas coisas bonitas acabariam ficando

Se agora partisse, e não mais vivesse.

Sou tão jovem para morrer

(Aliás, a morte é sempre prematura),

Tantos livros ainda tenho para ler,

Quantas histórias ainda tenho para contar

E quantas tantas ainda para ouvir;

Ainda tenho muitos poemas para escrever.

Que triste seria, agora partir.

A morte é sempre prematura.

O que são cem anos diante da eternidade?

Todos morrem jovens: sessentões,

cetenários; estão ainda na mocidade.

Ainda sou jovem para morrer

Têm muitos livros que ainda não li

Pensamentos que ainda não registrei

Muitos lugares e pessoas que não conheci.