Rosas verdes brancas

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Rosas verdes brancas

Branco que te espero azul.

Carta rosa da cartola verde,

do rosa Cartola.

Ver-te é fruto da branca semente,

vertendo o flerte na maloca

empoeirada do saudoso Lorca

– Oh transitável García!

Encanta-me teu vestido azul.

O vermelho das viaturas;

o fogo que se esgalha,

plasmado de delírio e comoção.

O espelho em vermelho tom;

o som adocicado do teu dorso.

O cetim aveludado da cama

(em rubro ardente).

Teu corpo desnudo que clama,

em miríades de cinza-pele,

regurgita o esbranquiçado do meu hálito.

Cabelos loiros, doirando a terra.

Matas frescas, oxigenando tudo.

Teus seios nus servem de escudo

– Razão da minha espera.

Branca que te espero azul.

Branca neve. Brancos sonhos.

Por sob o causticante Sol,

a pele, que arde e sangra,

também deseja a franja filiforme

do teu esbaldamento.

Mesclo a rosa da manga;

misturo o verde das mamas,

em todas as manhãs...

Sintetizando tudo,

todas as cores e atores,

revelo-me intransigentemente cético,

no inconfundível branco da paz.

No futuro,

na lápide do meu sepulcro,

em letras negras,

nas paredes brancas do jazigo,

pintarão:

Aqui jaz o poeta multicolorido

e nada mais.

Nijair Araújo Pinto

Crato-CE, 27 de agosto de 2017.

21h20min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 27/08/2017
Reeditado em 27/08/2017
Código do texto: T6096894
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