FRAGILIDADE
Por Sandra Fayad
Já fui rainha no Paraíso,
Refém da sensualidade exposta,
Avessa ao puro amor animal,
Autora de perguntas sem respostas,
Cúmplice da liberdade incondicional
Que nos explora, humilha, fere.
Preferi a receita prescrita dos prazeres,
O consumo midiático de mim mesma,
O usufruto da Terra, sem deveres.
Pequei!
Por castigo
Destruiu minha coroa a tempestade de areia,
Rasgou minhas vestes douradas o vento cortante,
Tolheu meus passos de cristal o redemoinho desértico.
Abraçou minh’alma errante o rigoroso inverno.
Meu trono, a maré sequestrou.
Minha futilidade, o mar salgou.
Meus privilégios? O Amazonas engoliu.
Minha sensualidade? O Outono enterrou.
A língua vulcânica arrastou meus poemas,
O fogo indômito tragou minha obra
E arrebatou minha imortalidade.
O Verão riu de mim sem piedade!
Contudo sol e chuva, em perfeita sincronia,
No dia seguinte perguntaram à Natureza:
“Para esse animal infeliz, perdão haverá um dia”?
Floresceram ipês e lobeiras,
Calêndulas e amoreiras.
Acercou-se de mim o Cerrado multicor
E plainei esperançosa
Nas asas de um solitário beija-flor.
É primavera!
Bsb, 22-08-2017
Respeite os direitos autorais. Ao citar informe a autoria e a data da publicação. Peça autorização à autora para copiar.
Visite meu site: www.sandrafayad.prosaeverso.net
Por Sandra Fayad
Já fui rainha no Paraíso,
Refém da sensualidade exposta,
Avessa ao puro amor animal,
Autora de perguntas sem respostas,
Cúmplice da liberdade incondicional
Que nos explora, humilha, fere.
Preferi a receita prescrita dos prazeres,
O consumo midiático de mim mesma,
O usufruto da Terra, sem deveres.
Pequei!
Por castigo
Destruiu minha coroa a tempestade de areia,
Rasgou minhas vestes douradas o vento cortante,
Tolheu meus passos de cristal o redemoinho desértico.
Abraçou minh’alma errante o rigoroso inverno.
Meu trono, a maré sequestrou.
Minha futilidade, o mar salgou.
Meus privilégios? O Amazonas engoliu.
Minha sensualidade? O Outono enterrou.
A língua vulcânica arrastou meus poemas,
O fogo indômito tragou minha obra
E arrebatou minha imortalidade.
O Verão riu de mim sem piedade!
Contudo sol e chuva, em perfeita sincronia,
No dia seguinte perguntaram à Natureza:
“Para esse animal infeliz, perdão haverá um dia”?
Floresceram ipês e lobeiras,
Calêndulas e amoreiras.
Acercou-se de mim o Cerrado multicor
E plainei esperançosa
Nas asas de um solitário beija-flor.
É primavera!
Bsb, 22-08-2017
Respeite os direitos autorais. Ao citar informe a autoria e a data da publicação. Peça autorização à autora para copiar.
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