Escrita que cresce
Aos dezesseis escrevia romântico,
Quase que teatral.
Me privava do escândalo,
Me pendia mais pro convencional.
Aquele amor podado,
Sem âmago, todo provençal.
Uma escrita do que não se vivia,
Do que não se sentia.
Tudo aspirado do ideal.
Via o amor como que de cima,
Desterrado de vivência.
Sentia sim a paixão que alucina,
Mas, esta, ainda sem sua consequência.
Amava mais acatado, atado à resistência,
De falar e ser falado
Sobre meu amar de adolescência.
Depois de crescido já amado,
Escrevo sem inocência,
Aplicando em cada termo empregado,
Um outro sentido, Persistência.
Persistindo para não ser domado,
Insistindo num solo ocupado,
Preenchido e maltratado por toda sorte de carência.