REVOLUÇÃO
Faço coisas que ontem me incomodavam,
Me tornei aos poucos tudo aquilo do que fugia,
Já não sou quem era ontem,
E talvez não durarei muito mais tempo,
E amanhã serei reflexos de um extinto eu,
Por muitas vezes tentei andar distraído,
Mas tive que prestar muita atenção,
Mas por outras era o inverso,
A música nunca parece tocar na hora certa,
Está sempre atrás do tempo, do nosso tempo,
Será que estamos sempre atrasados,
Ou o tempo é certo, nós que custamos a aceitar?
Temos tudo o que queríamos ontem,
Mas permanece a sensação de não termos nada,
É que a vida não dá trégua, nos engole em seu rodamoinho,
São os sinais dos tempos modernos que já chegaram,
E nos deixaram sem tempo para respirar, observar e usufruir,
E se não bastassem as exigências externas, nos colocamos mais,
Protocolos a serem obedecidos hoje,
Sendo que ontem queríamos apenas quebrar algumas regras,
Parece ser uma tendência para que sejamos todos iguais, em tons de cinza,
Onde a revolução é colorir em meio ao monocromático,
Onde a revolução é apenas ser o que se é.