O Saber da Vivência


Quantas vezes ansiei pelo meu próprio fim,
Mas a vida que há em mim
acovardou-se ante a morte.
E quão tolos são aqueles
que pensam donos do julgar.
Na solidão de cada um,
no momento sublime do nascimento,
No derradeiro momento do último suspiro,
Toda força que há na suposta alma
será escrava do sentir físico,
E o corpo ensinará os limites
que a fagulha de fogo há de ter,
E a maldita bendita consciência gritará em ecos,
Dirá as paredes do crânio exausto
que existem promessas,
Falará de utopias,
que de tão santas serão ilusórias.
E ao olhar pelo todo,
tudo ainda assim parecerá pequeno demais.
Qual é a paz possível?
Apenas a do guerreiro tombado em batalha.
Na sublimação da estupidez,
na voraz estirpe de predadores.
Calem-se vozes, quero sossego,
a vida não é lá ou aqui,
Transcender acaba por ser algo obsoleto,
tudo pelas quinquilharias!
Escravos dos objetos, escravos dos sentidos,
alienados pelo nascimento.
Quantas tolices aceitam as letras?
Quantos enganos absorvem as frases?
Não mais que o umbigo de cada um,
não mais que isto,
O olhar não vai além deste. E por que iria?
Pois isto não é exceção,
mas regra gravada no espírito humano.
Tolo sou, tolos somos, pois foi tudo
que nosso arbítrio conseguir criar,
A história da grande tolice humana.
Misericórdia eis a sina dos estúpidos.
Amargura eis a sina dos justos
e que isto não se pense benefício,
Pois apenas são velhos estúpidos
renascidos das gerações de víboras.
E o pecado nos move, e a virtude nos paralisa,
E entre um ato e outro, não é o perdão que atrai,
Pois que este é apenas pedinte da misericórdia,
Deserto de tantos dias, eternas efemeridades,
E a revolta se cala, não vê graça em si,
o silêncio é mais respeitoso.
O silêncio guarda um pouco da pureza do não ser.
Pois ser exaure, ser é compulsório,
de modo que é melhor aprender,
Então a salvação pela razão,
mas ri em loucura o coração,
Criar em toda sua potência,
e quando o criar será puro?
E o que é ser puro? Que seria a pureza?
Ilusão filosófica?
Talvez seja, talvez não.
E isto por acaso importa?
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 19/08/2017
Reeditado em 19/08/2017
Código do texto: T6088853
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