Beladona

A vida era vida

Sofrida vivida

Amarga dividida

Destroçada vida

Sem senso

Sem misericórdia.

Dívida parcelada

Em suaves prestações

Amalgama derrotada.

Choros provados

Percalços aprontados

E a vida perseguia

Atrás de vida

Pela via e pela estrada

Nas entrelinhas

Ou calçada

A vida vivia uma vida

Desregrada e degradada

No jogo inclinava

A mais louca sensação...

De se viver as desventuras

De amar

De amar o amor desajustado

E desajustar a coerência

Podendo sentir a brisa da vida

Os contornos da vida

O tocar da vida

A ser vivida novamente

Pelas brechas do tempo

Joviais momentos

Prolixos debates

Repetidas frases.

Da vida sofrida vivida

Amarrada na beira da cama

A janela que lhe dizia

Recitava sonetos reflexivos.

A vida sofria de volta

Gostava de viver as ordens

Ordenava as desordens

Mas não podia viver

Mesmo que quisesse

Então a vida era louca

O suficiente para se desencontrar

Acoplando o soar da voz

Muda, surda e cega...

Assim era a vida infinita

Ínfima luz a ser sentida

Notável dor a ser diluída

Altiva feita ela mesma

Só a vida ser humana

Brincou de ser profana

E morreu ao relento

Autor: Hivton Almeida

Hivton Almeida
Enviado por Hivton Almeida em 19/08/2017
Reeditado em 17/01/2021
Código do texto: T6088592
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