Beladona
A vida era vida
Sofrida vivida
Amarga dividida
Destroçada vida
Sem senso
Sem misericórdia.
Dívida parcelada
Em suaves prestações
Amalgama derrotada.
Choros provados
Percalços aprontados
E a vida perseguia
Atrás de vida
Pela via e pela estrada
Nas entrelinhas
Ou calçada
A vida vivia uma vida
Desregrada e degradada
No jogo inclinava
A mais louca sensação...
De se viver as desventuras
De amar
De amar o amor desajustado
E desajustar a coerência
Podendo sentir a brisa da vida
Os contornos da vida
O tocar da vida
A ser vivida novamente
Pelas brechas do tempo
Joviais momentos
Prolixos debates
Repetidas frases.
Da vida sofrida vivida
Amarrada na beira da cama
A janela que lhe dizia
Recitava sonetos reflexivos.
A vida sofria de volta
Gostava de viver as ordens
Ordenava as desordens
Mas não podia viver
Mesmo que quisesse
Então a vida era louca
O suficiente para se desencontrar
Acoplando o soar da voz
Muda, surda e cega...
Assim era a vida infinita
Ínfima luz a ser sentida
Notável dor a ser diluída
Altiva feita ela mesma
Só a vida ser humana
Brincou de ser profana
E morreu ao relento
Autor: Hivton Almeida