Precipício à beira mar

Não sou, de fato, o meu emprego,

Meu diploma, meu salário

E até mesmo os sentimentos que eu guardo em mim calado.

Tudo isso é forma que não tem preenchimento

Feito pelo inconsciente que me esconde do presente.

Essas formas que fabrico

Não são nada além de vão

Que eu tento consumir

Pra tentar me preencher,

Mas quanto mais eu como mais fundo me afundo

Afogando-me em um oceano que a existência se evaporou.

Talvez eu seja só Eu

Sem nome, só direção,

Apenas um estado de plenitude

Que filtra o que é essencial

E o essencial é estar consciente,

Conectado com o presente

Sem ter medo de seguir.

Prefiro o caos da desorganização

Onde se procura o abismo para me encontrar do outro lado

Do que a organização da segurança, comodismo social,

Que me protege da beleza que é ofuscada pelas formas

Sendo iludido por uma falsa realidade

Nunca a certeza nos fez evoluir

Quem sabe a dúvida no faz caminhar

Tentar se achar, se jogar nesse abismo,

E não ficar no topo, se achando absoluto,

Porque vale mais perder a vida e por fim salvá-la

Do que tentar ganhá-la e no final perdê-la.

O medo de errar esconde o amor,

Mas ser humano é na verdade errar,

Ser errante e desbravar o oculto que está em nós.

Edgar de Azevedo
Enviado por Edgar de Azevedo em 13/08/2017
Código do texto: T6082131
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