Começo e Fim

Começo e Fim
Já não sou eu que clamo por mim,
Não encontro valor para isto.
Se dia quis conhecer-me.
Hoje deprecio com desgosto a oferta.
Não se trata de não valer a pena,
Mas simplesmente não se trata.
Quantas são as esperanças aniquiladas,
Em meros pontos finais?
E toda realidade é tola, todo realismo,
Aridez suprema de reconhecer o mal se ser.
Pois que não existem passos, mas ecos,
Apenas ecos, que tudo prometem,
Mas que não cabem cumprir,
Pois cumpridos perderiam sua liberdade.
E então o inconcluso perderia seu mito.
O mito irreal que nos livra da tolice de ser!
Pois ser é perder a suprema possibilidade de não ser.
A liberdade sem igual de nunca ter sido.
Livre das correntes do tempo e do espaço.
Surgindo pelo mais intenso dos instantes,
Para depois, nada mais, nenhum desconforto.
Nem quereres ou saudades,
Apenas um único impulso,
Um minúsculo instante em que estava presente o todo.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 12/08/2017
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