O fado da não-escolha
Se digo e repito que nada quero
Como espero fico imune?
Mas o incômodo que não tolero
É medo fero, outra forma assume
E se nas sombras vago
Comigo trago apenas meio lume
Toco no pavor de outrem e pago
Ou do meio estrago saio impune?
Se faço do vazio escolha
Protejo-o numa bolha selada
Seria uma garantia tola
Dizer que alcançarei o nada?
O nada sempre é algo quando há vida
No escuro é alimentar o dano
E acarreta a nulidade desconhecida
A amarga sina, o batido engano