Baia da sucata
O sol bate e rebate nas latas nos cascos nas cascas de lascas
Enormes flutuam refletem vidraças
São traças são mastros
Seculares sucatas
Sufoco de peixes
Tubarões
Mordaças
Fumaças
Neblinas
Colinas
Cachaças
E os meninos que passam no ônibus da escola
Na ponte apontam e acham toda a graca
Tiram muitos selfes
A chuva vem e embaça
Enlaça abraça complica embarca
Os barquinhos navios trafegam se afogam se afundam
Se iludem flutuam
Vitrôs tão históricos e esquecidos no fundo deixados banhado em ferragens
São quadros de arte pra imaginação
A morte marinha de seres deformados
Banhados envoltos com mil arranhões
Enquanto meninos se iludem e estudam da Ponte
Passando e olhando a baía com sua amplidão
Rindo aplaudem a desgraça
E continuam a lição
É um livro muito antigo
Com capa de contradição
Viva a baía da sucata
Envolta em poluição
Viva a baía, quem maltrata
Suas águas cheias de embarcação?