Baia da sucata

O sol bate e rebate nas latas nos cascos nas cascas de lascas

Enormes flutuam refletem vidraças

São traças são mastros

Seculares sucatas

Sufoco de peixes

Tubarões

Mordaças

Fumaças

Neblinas

Colinas

Cachaças

E os meninos que passam no ônibus da escola

Na ponte apontam e acham toda a graca

Tiram muitos selfes

A chuva vem e embaça

Enlaça abraça complica embarca

Os barquinhos navios trafegam se afogam se afundam

Se iludem flutuam

Vitrôs tão históricos e esquecidos no fundo deixados banhado em ferragens

São quadros de arte pra imaginação

A morte marinha de seres deformados

Banhados envoltos com mil arranhões

Enquanto meninos se iludem e estudam da Ponte

Passando e olhando a baía com sua amplidão

Rindo aplaudem a desgraça

E continuam a lição

É um livro muito antigo

Com capa de contradição

Viva a baía da sucata

Envolta em poluição

Viva a baía, quem maltrata

Suas águas cheias de embarcação?

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 31/07/2017
Reeditado em 31/07/2017
Código do texto: T6069907
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