A Voz que Declara
A minha voz é densa,
O meu grito é calado,
Cheia de força, mais sem volume.
No meio de todos, me sinto só,
Me vejo cega.
Tantos olhares veem a mim,
Eu só enxergo o seu.
É um desejo incômodo e inquieto
Dissolvendo seu tempo num relógio de areia
Que aos poucos vai sumindo, sumindo...
Até esgotar.
Como ser esse cotidiano humano,
E não ter o coração dilacerado?
Pela covardia, do nosso dia a dia,
Pela ausência dessa falta de democracia,
Pela desigualdade racial.
Por esse vazio que me doí e corrói, dia após dia.
Tantas abelhas produzem o mel
Mais só a rainha tem a coroa.
Somos tantas operárias sugando o polem
na construção de um mundo melhor.
Na busca de cada flor de cada cor.
Precisamos existir para nos alimentar,
Precisamos existir para nos irmanar.
Precisamos existir para nos completar.
Rio 28 de julho de 2017
Simone Lopes