MULTIFACETADA POESIA
Nasci indivíduo e me tornei multidão
e dentro dela procurei os vestígios
do rosto multifacetado e tão
feito de espelho e vidro...
E quanto mais indivíduo me tornava
menos a multidão em mim afluía
e quanto mais em mim achava
mais a multidão de mim ria...
Até que me tornei tão desigual
que me apartei da rude plebe
e me tornei um ser informal
como uma pena de tão leve...
Me fiz palhaço para que rissem mais
me vesti de aço feito um super-herói
pedi bananas como certos animais
e isso em mim ainda hoje dói...
Cheguei ao ponto de me esfacelar
e ser um ser todo prismático
e pelo mundo me pus a andar
à procura do ômega matemático...
Longevo na busca do que procurava
conheci sociedades e intensos rituais
e me perdendo achei o que se achava
perdido nos confins dos sonhos cerebrais...
Hoje - quando me veem a passar pela rua
observam minhas roupas e e minha postura fria
sem se aterem ao fato de que minha alma nua
é toda em rabiscos como a mais amorosa poesia...