Me diz.

Teus olhos

Como são lindos

Teus olhos

Claros escuros

Iluminada escuridão

Então

Que valor há de haver

Na visão

De quem nada vê?

Teus braços

Tuas mãos

Tanta beleza e habilidade

De que te valem teus braços

Quando teus passos

A bem da verdade

Possuem somente a arte

e a qualidade de afastar-te

Do único abraço que quiseste em vida?

Vida, onde tão somente mede

Que pena!

Afere, julga, conjuga, condena, fere

Longa, confusa, dividida

Acreditas realmente

Em retidão nas linhas tortas

Vivendo a vida de alma morta

Alegrias que tiveste

Exortando tristeza

E exaltando o verniz

Me diz

De que vale viver

A qualquer alegria deste mundo

Se não se pode ser feliz?

Edson Ricardo Paiva