VELOCIDADE DA LUZ

Meus olhos se abrem

De madrugada

O que vejo?

Não vejo nada

A escuridão

É a imensidão

O silêncio

O réu confesso

Não vejo um palmo

Além de mim

Mas sei

Tudo está por aqui

Em algum lugar

Tudo está

No silêncio das horas

Naquilo que não se avista

Com a vista

Tudo está presente

Inclusive o que parece

Ausente

Por aqui, acolá

Tudo está

E pensando

Por reverso ângulo

Também aqui sou

Vista pelo lado de lá?

Será que me

Imaginam existir

Que pensam em mim?

Ou só eu de cá

Cismo em pensar?

Coisas estranhas

Se passam aqui

Nas minhas entranhas

Uma sede do porvir

Uma vontade de saber

Um desejo de ir

Ao mesmo tempo ficar

Uma certeza do que foi

Sem ter acontecido

Antes mesmo de ser

Imaginação?

Imagem e ação?

Distração ou

Premonição?

O tempo da luz

Passando

Quando penso

Vou ser

Já fui

Esse instante

Agora

Déjà vu

Já vivi

Foi agora

Há pouquinho

Enquanto eu dormia

A vida passava

A roda movia

É a luz que chega

Primeiro

Mas, só percebo

Algum tempo depois

Inevitável pergunta

Hei de fazer:

Será verdade

Que no fim de

Minha idade

Segundos antes

Saberei

Que chegou

Minha hora

De sair da vida

E lembrança tornar?

Será?

Não, Pela lei da Física

O derradeiro Déjà Vu

Eu não terei. Eu não verei. Não haverá.

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 18/07/2017
Reeditado em 18/07/2017
Código do texto: T6057574
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