VELOCIDADE DA LUZ
Meus olhos se abrem
De madrugada
O que vejo?
Não vejo nada
A escuridão
É a imensidão
O silêncio
O réu confesso
Não vejo um palmo
Além de mim
Mas sei
Tudo está por aqui
Em algum lugar
Tudo está
No silêncio das horas
Naquilo que não se avista
Com a vista
Tudo está presente
Inclusive o que parece
Ausente
Por aqui, acolá
Tudo está
E pensando
Por reverso ângulo
Também aqui sou
Vista pelo lado de lá?
Será que me
Imaginam existir
Que pensam em mim?
Ou só eu de cá
Cismo em pensar?
Coisas estranhas
Se passam aqui
Nas minhas entranhas
Uma sede do porvir
Uma vontade de saber
Um desejo de ir
Ao mesmo tempo ficar
Uma certeza do que foi
Sem ter acontecido
Antes mesmo de ser
Imaginação?
Imagem e ação?
Distração ou
Premonição?
O tempo da luz
Passando
Quando penso
Vou ser
Já fui
Esse instante
Agora
Déjà vu
Já vivi
Foi agora
Há pouquinho
Enquanto eu dormia
A vida passava
A roda movia
É a luz que chega
Primeiro
Mas, só percebo
Algum tempo depois
Inevitável pergunta
Hei de fazer:
Será verdade
Que no fim de
Minha idade
Segundos antes
Saberei
Que chegou
Minha hora
De sair da vida
E lembrança tornar?
Será?
Não, Pela lei da Física
O derradeiro Déjà Vu
Eu não terei. Eu não verei. Não haverá.