Ideologia da imaginação dominante.
Não tenho pátria.
Tenho vergonha.
Muita vergonha.
De ser um tupiniquim.
Perdi o meu nome.
Sem sobrenome.
Sou um zé ninguém.
Um pangaré.
A polícia me prende se tiver no bolso dez reais.
A minha ideologia são os trilhos esquecidos.
As árvores cortadas da floresta.
Rios e o deserto de Saara.
o meu único sonho é ver a distância.
O vento conduzindo as nuvens.
Para poder prevalecer o azul infinito do espaço.
Tudo isso é muito para o meu intelecto.
Ainda contemplo as montanhas.
O canto silencioso dos pássaros.
Tenho medo do brilho das estrelas.
Olho para o mundo.
Vejo a imensidão vazia do universo.
A minha pátria é o vácuo composto pela antimatéria.
O escuro perdido pela ausência da força.
O giro dos eixos.
A efetivação da anticausa.
Como é difícil um tupiniquim saber tudo isso.
Entretanto, tal epistemologia é a esperança.
Todavia, o importante é não ser cidadão.
A minha terra pura ficção.
Amo o vento do mesmo modo.
O infinito ausente de si mesmo.
Porém, sei que sou a poeira subindo.
A incausalidade perdida.
Qual a problemática de ser tudo isso.
Se não tenho pátria.
Sou simplesmente um pangaré.
Sonhando, ser uma manga larga.
Entretanto, amo a cor do universo.
Adoro a noção da incompletude.
De um infinito sem conceito.
Porém, tenho medo de ser diferente.
Sou envergonhado de ser o que sou.
Sou uma mistura de coxinha vencida e ideologizada.
Entretanto, nego a minha essência de mortadela.
Pangaré é assim mesmo.
Não consegue entender o que é.
Entretanto, briga com o brilho das intenções.
Como se tivesse em suas ações sabedoria.
Realizaria as fantasias das ilusões perdidas.
Edjar Dias de Vasconcelos.