IMPERMANÊNCIA

A rotina insiste em ser diferente,

Calmaria vira aquela tormenta.

O futuro assombra o mar do presente,

Todavia o risco é emplacar noventa.

Até mesmo a verdade, às vezes, mente,

Misturando jiló, melado e menta.

O sinal abre e fecha intermitente

Para ver se este coração aguenta.

No brutal retrato do inverno quente,

A geleira pranteia e se lamenta.

E o beócio vagueia na vertente,

Confundindo vermelho com magenta.

O relógio prossegue persistente,

Mas a vida requer música lenta.

De que adianta ser experiente,

Se a mudança é real e violenta?