POEIRA DOS VENTOS
A vida soprará as construções,
As fortalezas um dia ruirão em pó,
Nem as imponentes estrelas brilharão eternamente,
O universo renovará seus mistérios.
Ainda não conhecemos todos os segredos dos oceanos,
E quem sabe nunca chegaremos lá,
Que não percamos tempo invejando a grama do vizinho,
Enquanto deixamos a nossa morrer sem cuidados.
À juventude, em seus espelhos estão o troféu da beleza,
Mas a vida soprará sua pele,
Aos que caminham com a sorte, conhecerão suas rugas,
Mas alguns serão interrompidos como um sol eclipsado.
No fim as águas apagarão os rastros na areia,
E as estrelas serão testemunhas caladas,
O sol vai se levantar sempre mais uma vez,
Mas para onde iremos nós?
Perdemos a direção a cada medo,
A dor em sua gaiola aberta inebria as sensações,
Há os que se entregam aos lamentos,
Mas abençoado seja quem usa sua lágrima para regar seus risos.
Para cada tristeza, que haja um abraço,
Em cada medo, uma mão segurando bem firme,
Nas inseguranças, um olhar protetor,
E em cada ferida o balsamo do amor.
Pois um dia a vida soprará,
E teremos ou seremos meramente lembranças,
Carregadas na poeira dos ventos,
Na melodia do tempo guardando os ecos de amor.