Transição
Meus embaraços, se fazem hoje desatados
Nó por nó
Novelos de preocupações e ansiedades
A tecer tapetes de irrelevância
As luzes que iluminam a cidade
Do alto parecem vagalumes
Projetando sombras nas minhas sobras
Reafirmando minha patetica presença
Na existência de um universo de infinitas possibilidades
Mas também de colossais ausências.
Entre um gole e outro gole
Certa espuma lúcida
Embriaga minhas excentricidades
E toda essa intensidade se cura
Na incerteza do que não era para ser
Mas está.
Corro
Ao som do vento que farfalha as folhas secas de inverno
E cortam meu rosto pela janela do carro
Eu e meu inferno pessoal
Implacável e leve
Voraz e invisível
Tal como os sentimentos
Que nos tornam imortais
Frios e quentes seres humanos
Deslizo leve
Pela vida breve
Que em breve se vai no lamento do tempo
Das horas que deixamos para trás.
Sem mais
Nem menos
Dia em uma ponta
Noite noutra
Extremos!
E quando a hora chegar
Sequer permitirei saudade
Na minha lápide
Haverá os dizeres
Nem manhã
Nem madrugada
Fui feliz enquanto tarde.