Transição

Meus embaraços, se fazem hoje desatados

Nó por nó

Novelos de preocupações e ansiedades

A tecer tapetes de irrelevância

As luzes que iluminam a cidade

Do alto parecem vagalumes

Projetando sombras nas minhas sobras

Reafirmando minha patetica presença

Na existência de um universo de infinitas possibilidades

Mas também de colossais ausências.

Entre um gole e outro gole

Certa espuma lúcida

Embriaga minhas excentricidades

E toda essa intensidade se cura

Na incerteza do que não era para ser

Mas está.

Corro

Ao som do vento que farfalha as folhas secas de inverno

E cortam meu rosto pela janela do carro

Eu e meu inferno pessoal

Implacável e leve

Voraz e invisível

Tal como os sentimentos

Que nos tornam imortais

Frios e quentes seres humanos

Deslizo leve

Pela vida breve

Que em breve se vai no lamento do tempo

Das horas que deixamos para trás.

Sem mais

Nem menos

Dia em uma ponta

Noite noutra

Extremos!

E quando a hora chegar

Sequer permitirei saudade

Na minha lápide

Haverá os dizeres

Nem manhã

Nem madrugada

Fui feliz enquanto tarde.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 24/06/2017
Código do texto: T6036565
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