ALGUÉM HÁ...
Alguém há de achar, no meio da mata,
a tribo mais linda do mundo, casta,
que atira flechas com seus arcos retesados,
come o que caça, paca, onça, tatu, veado,
sem diferença sobre as diferenças vigentes
onde o bandido não diferencia produto de gente,
tribo que há de ser considerada a mais coerente,
dançam ao nascer e ao por-do-sol, bela tribo
que reza ao oráculo, o sol amarelo, bem vestido...
Alguém há de encontrar o motivo mais que secreto
que torna a mente acordada e faz o ser se tornar esperto
às armadilhas que ressoam como eco de generais,
passos andarilhos de nossos escribas poetas iguais
às palavras que escapam dos dicionários e se tornam poesias,
chuva sim, chuva não, à qualquer hora de qualquer dia...
Alguém há de descobrir o que viemos todos nós fazer aqui,
morar em mansões, morrer num terremoto, ouvir o canto surgir
por detrás das árvores abastecidas de infinitos ninhos,
colocar pedra sobre perda e, caminhante corajoso, prosseguir...