SISO
Vivo em torno de mim
procurando Eu,
todavia não me encontro
no ponto em que deveria estar.
Permaneço escondido
num peito amigo que chamo de meu.
Entretanto, durmo no colo de um desconhecido
que caminha por entre a gente
sorrateiro, feito a fada do dente.
Onde andará meu bom anjo,
aquele amigo que não me deixa
e de mim não tem nenhuma queixa?
Que pecado cometi de tão grande
que nem Mahatma Gandhi
ousaria perdoar-me?
Levarei comigo as flores
que eu nunca plantei
e todos os amores que inventei
em prol de uma vida melhor.
Contudo viverei, apesar dos risos,
dos castigos e dos extraídos sisos
que de minha boca não tiveram dó.