CONTINGENTE
Por cada passo em espaços vazios,
Os laços e desatinos em suas apostas parecem cassino,
A vida que às vezes amarelada encardida,
Compassa-se desajeitada em uma música que não se ensaiou.
A linha que se puxa sem conhecer o final,
Com o peso do contingente,
Em suas incertezas sustentadas em mãos calejadas de coragem,
É o fio que pode tecer ou desfazer o agasalho deste corpo.
Eles em troca de felicidade inverteram a ordem,
Erigiram os telhados frágeis para após alicerçarem os fundamentos,
Em um presságio do que ao vento se desmorona,
Lançando-se aos perigos, entregando a sorte como oferta ao azar.
Porque queriam abraçar um mundo inteiro sem dar um passo por vez,
Puxavam a linha rapidamente, com tremores sem cautela,
Arrebentavam as cordas sem conhecer ao que se prendia,
Refletindo o coração precipitado tentando correr em desfavor a solidão.
A lição do universo reverencia a grandeza dos detalhes,
Não se conhece as flores sem antes caminhar no inverno,
Não se joga ao fogo para após conhecer seu calor,
Pois o que se queima não pode após aquecer.
O primitivo é instintivo, é como fogo selvagem que consome e apaga,
Mas o amor, o perfume da alma, flui como as estações,
Passo a passo para a linha não arrebentar,
Para conhecer, enlaçar e após arder em suas chamas sem esgotar.