Quem Sou Me Criou? - Caótica
Encolhida na cadeira, sentada com as pernas dobradas
embaixo da bunda, escrevo.
Nada que seja especial, ou de vislumbres intelectuais.
Apenas escrevo.
Não por nada ou por ninguém,
escrevo porque é o que gostaria de estar fazendo agora.
Poderia dizer até que nunca delineei tão bem meu ego
como fiz acima nas primeiras máximas.
Muitas vezes passo as horas e os dias existindo dentro de mim tal qual telespectador;
Recebo estímulos, e em seguida,
estou a mercê de uma confusa e breve análise que vai permeando meus sentidos...
Até chegar no ponto exato em que recolho-me
para sentar sobre as canelas e observar minhas criações.
Deliro em pensamentos esquizofrênicos
repletos de culpa, caos e medo!
Assim como também flutuo em espaços incomensuráveis,
preenchendo-os com os sentimentos mais puros e nobres.
Sou completamente feliz!
E no minuto seguinte sou a própria tristeza transvestida de carne fresca e ossos travessos.
Quem poderá dizer-me com exata certeza
quem me criou, do que gosto e quem sou?
Perder-se assim é tão comum quanto parece?
Será, talvez, para aqueles,
que assim como eu,
pecam numa preguiça
colérica, esquivando-se dos dias e tentando compensar a noite
através de uma vigília infernal e punitiva,
que a verdade é mesmo tão frágil quanto o ser?