Sinônimos

Sinônimos, pra quê precisamos deles?

Imitação póstuma da palavra que nada

acrescenta à outra. Aparta-te de mim,

poupe-me à inútil procura por ti!

Já és tão vasta a dor e deste, Senhor

das Letras, a capacidade da ofensa,

por inúmeras formas, como bem aprouver

a cultura e a compaixão do ofensor?

Que dirás ao Amor e aos tantos poetas

que em teu abismo, retalhado de letras,

se perderam? Dos amantes, aflitos por

tua orgulhosa e "vil" riqueza gráfica?

Há tantos que, sem repetir palavras,

não dizem nada. Porque os alimenta?

Repetir o nada; reproduzir coisa

nenhuma; reprisar bulhufas. Louco!

Agora, compreendo a dificuldade de

teus alunos, oh Pátria língua minha!

Perfídio refúgio dos antônimos que

de ti declararam a independência.

Vosmecê, vossa mercê, você, daí me a

passividade, lascívia, dos ignorantes.

Porque és viva, língua minha, tens me

acumulado a boca, túmulo de minh'alma.

Verdade gramatical do "eu", por vezes,

sinônima de "mim" e de quem quer a faça

assim, para acolher a próxima palavra

do teu afortunado e egrégio futuro.

Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.

Poeta Curitibano
Enviado por Poeta Curitibano em 08/06/2017
Código do texto: T6021484
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