ATO FINAL
E assim,
a dor da carne fura minha alma,
tirando minha alegria.
Com o tempo passando,
a dor da alma perfurada fica ainda pior de suportar
e sem saber ainda o que fazer nessa estrada,
com a minha virada de dor e fantasia,
vejo, nitidamente, que não há o que fazer aqui.
Com o tempo, as pessoas vão esquecendo o que fui,
o que sou, onde estou e nem se lembrarão do que restou.
A vida é uma armadilha de sentimentos.
É uma arma apontada para eles.
Perdi a vontade de viver intensamente.
Com a alma furada, arrancada, dilacerada,
não consigo ter mais nada na mente,
a não ser, a vontade imensa de correr,
sem saber onde ir.
De morrer, sem piedade de mim.
De sair fora, baixar a cortina e fechar a tampa.
Não se tem propósito para viver por você mesma.
Vive-se em função dos outros.
Quando foi que alguém, nessa vida maldita, já viveu por mim ?
Quem ?
Pai, mãe, avós, tios, filhos, amigos, amores, amados,
rompantes desejados, quem viveu por mim ?
Ninguém !
Chega !
Não quero mais viver por ninguém,
nem por mim.