Meu Paraíso
Hoje eu estou melhor,
Passei muitas semanas me sentindo só
Vejo que perdi muito tempo
Mas posso dar continuação aos meus inventos
Eu estava com o coração partido
Relembrando momentos já extintos
E isso estava me matando por dentro,
Que a cada dia, eu criava um novo testamento
Assim como Prometeu deu aos homens o fogo, e logo sofreu
Dei o amor de um plebeu, que se rendeu
E o mundo de hoje não parece aceitar sentimentos como os meus
O romance parece que perdeu o seu valor, está distante
Pois, se me arrisco mostrar um texto meu mal escrito,
Damas irão debochar, os tais amigos irão me humilhar
E sempre penso nisso tudo, mas não desisto
Pois a minha intenção não é ser bem visto,
É apenas ficar quietinho, rabiscando uns pensamentos lindos
Tento, incessantemente, agradar a todos, mas não sou Cristo
E se mesmo ele não agradou, eu não consigo.
Eu nunca quis escrever sobre depressão,
Mas infelizmente um texto nasceu em meio a uma situação
Não consigo ler os meus versos que sei que irão me abater
Queria escrever sobre um amor, uma paixão
Mas do que adianta, se hoje estou com os pés no chão?
O que tenho aqui como companheiras são as paredes,
Que vigiam a minha vida, como câmeras.
Às vezes eu só quero parar de rimar,
Às vezes quero apenas me afastar, e deixar o tempo me devorar
São muitas as vezes que penso que estou sendo idiota
Mas as vezes sinto falta da caneta, e acabo pegando-a de volta
E eu nunca escrevi almejando alguém para me ler,
Só queria escrever, sem pensar muito nos "porquês"
Mas hoje acredito que encontrei o motivo
Eu estava fugindo do mundo real,
Criando um lugar seguro para me esconder, meu refugio
Onde eu era uma pessoa normal, sem deslocamento social
Um lugar onde eu era aceito, era igual
Onde não precisava me preocupar com pessoas mentirosas
Não, não aceito o termo que todas são falsas,
Pois, se eu acreditar, não fará sentido viver em sociedade,
Então terei que fugir para as áreas montanhosas, subirei como o bater de asas
E por que não possuir tal capacidade, e liberdade
Me pus a me instalar no meu cantinho,
Quieto, como um pássaro em seu ninho, me protegendo do frio.
E eu pensei sinceramente que cessaria os textos em 2016,
Mas eu estranhamente continuei, e um certo tempo dediquei
Disse para mim mesmo: "-Já chega, vai escrever textos a vida inteira?"
Por alguma razão, passei a não dar ouvidos as minhas indagações,
E meus pensamentos ganharam forma, ilustrações a cada hora
Mesmo querendo parar, minha mente me persuadia a continuar
E logo eu estava lá, sentado no chão, apenas formando versos na solidão.
Pobre de mim, pensei que conheceria alguém similar
Alguém que tivesse uma forma de se expressar como a minha
Mas, infelizmente, a única que conheci foi-se embora de vista
Porém, a minha vontade me movia, e ainda hoje me encaminha
E, ao término de sete dias, me pego escrevendo como a um cego
Coloco minha mão sobre o caderno, fecho os olhos,
E imagino a linda visão que ostenta o horizonte
Talvez seja essa uma de minhas inspirações?
Talvez meus versos desejam alcançar os corações?
Poderia eu estar no milênio correto,
Mas no século incerto?
Me sinto tão sem lugar aqui,
As pessoas que observo só querem saber de exibição,
Seja de bebidas, seja com as "melhores coisas da vida", a curtição
Aquelas que deixam as pupilas avermelhadas, e a vista embaçada
Mas ainda não sinto que eu esteja a perder tal "prazer"
Opto por me distanciar, me abster
Quero estar limpo quando eu morrer,
Apesar que isso jamais irá acontecer
Mas, em alguns assuntos é melhor eu não me envolver.
Hoje eu estou bem, não sei quanto tempo vai durar
E mesmo sozinho, sem nenhum amigo,
Lentamente eu estou a me levantar
Imaginando um mundo lindo, um paraíso
Onde serei aceito pelo que sou, pelo que preciso
E uma nova utopia hoje eu crio.