Sede

O que é que se passa

No espaço onde habito?

Sombras projetadas dançam desordenadamente

A luz tremeluzente me faz, por um tempo, acreditar

que essa é a realidade única.

Minha mente projetada no lugar

Inquieta-se com as formas

Aspira se libertar

Eis que ouço o relato daquele que

Rompeu as correntes

E a luminosidade experimentou

Não ouso duvidar

Mas preciso questionar

Somente desejo libertar-me das amarras

E também para a Luz esvoaçar

Busco em cajados e barcos

a possibilidade do atravessar

Mas a cada passo, mais indagações

Miro a outra margem longínqua

Não posso a verdade vislumbrar

Mas o que de fato há?

Talvez eu aprenda que não há nada lá fora

Talvez eu intua o mapa da mina

Talvez eu me aproxime do ponto último

Sinto no vento frio

A voz que diz a intuição

Eu nada realizarei

Se não me despir de minha

Ilusória identidade

Sem sede, sem paixões,

compreender a vacuidade

que existe no macro e no micro da existência

Se eu não me entregar às ondas silenciosas

Se eu não me esquecer nesse espaço singular.

Talvez Eu precise morrer

Para a vida compreender.

Cláudia Machado

26/5/17

Um poema sobre o Mito da Caverna de Platão, a meditação budista e a investigação científica.

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 26/05/2017
Reeditado em 27/05/2017
Código do texto: T6010263
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