Se eu morrer, deixe-me ir

Lá no fundo uma dor

E o mundo se ilumina

Conforme eu me abro para o mundo,

E na alma um frio,

Sensação de afastamento,

Desligamento da realidade à volta.

Eu larguei minha bagagem.

Passo a passo,

Minuto após minuto,

Uma eternidade à frente.

Um sonho que se reconstrói

Com os pedaços de uma vida acabada,

Com as farpas do meu coração;

Minha incerteza.

E o frio da minha pele

Assusta, pois

Como uma animal venenoso,

Com gelo no sangue ,

Eu me enrosco em torno de mim

Defensivo, perigoso

Sem o medo de matar antes de morrer.

E com a língua vou provando

Vários sabores, texturas

Inundando-me de ilusões,

Enchendo-me com o externo

Até explodir e escorrem de mim

O desgosto, o amargor,

A desilusão realista da vida que é minha.

E dói, e eu machuco;

Eu não me importo nem um pouco.

Nunca mais chorei, desde que morri

E lá atrás ficou o “eu” que eu amava;

Um fantasma perseguindo alguém que não merece.

Um desperdício de amor.

Nele eu me desgastei.

Pintando um sorriso no rosto,

Procurando na multidão uma distração,

Evitando os reflexos, contando uma mentira.

Segue a vida que me arrasta

E eu, autômato, me afogo no mar social

Esqueço de mim, me drogo e vou curtir

E se eu morrer, me deixe ir.

Até que eu me perca

Até que eu melhore

Se eu morrer, me deixe ir.

Mas não alimente a mentira

De que ainda há felicidade pra mim.

Eu já cheguei ao meu fim.

Deixe-me desaparecer, deixe-me ir.

THR Oliveira
Enviado por THR Oliveira em 25/05/2017
Reeditado em 25/05/2017
Código do texto: T6009015
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.